Trabalhei em lugares onde vi e convivi com o
resultado dessa doença social que afeta a cada um de nós e, em
última instância, tem afastado muitos Seres de sua humanidade.
Não precisaria trabalhar em presídios e
manicômios para conhecer essa verdade, pois ela está a nossa volta.
Mas quis a Vida me dar essa oportunidade de estar frente a frente com
o que temos para lá do fundo do poço. Sei que depois dessa experiência me tornei uma
pessoa mais grata, mais humana e otimista.
Diria que conviver com as dores alheias pode nos aproximar do
coração e ele alarga nossa visão, nosso mundo e por vezes a nossa
percepção. Também pode ocorrer o contrário, quando optamos por congelar o coração para conseguir lidar com essas situações. Sempre falaram que eu era uma manteiga derretida, então, essa opção de congelamento não daria certo em mim nem que eu quisesse.
Diria que individualmente
passamos por várias situações difíceis na vida e as vezes o
coração aperta a ponto de parecer que vai explodir, feito aquelas
bolas de gás das festas de aniversário. É que falta espaço? Nessas horas não adianta
muito apelar para a razão, porque tudo na mente se confunde na
mistura descontrolada dos pensamentos que surgem de lugares
inimagináveis de nosso ser... E quem sabe de outros.
Muito da violência que encontramos
hoje é fruto dessa inabilidade de lidar com essas dores ou mesmo a
sua negação. A inabilidade de lidar com o que vai ao coração,
pois é lá que o extrato dessa dor se aloja para ser transformado.
Estou refletindo sobre isso porque sinto um avanço dessa violência e de um pessimismo a um nível mais
generalizado, atingindo até movimentos que lutam a favor da vida.
Essa violência pode se dar de várias maneiras e algumas até sutis,
mas que corrompe princípios quando em nome da justiça se comete
injustiças, usando-se as mesmas armas daqueles que criticamos.
Esses dias fiquei angustiada com essa sensação
e pedi auxílio para entender o que acontece e como agir. Como sempre faço, peço
e deixo quieto para que possa ver a resposta que a Vida vai enviar.
Não demorou muito e abri
“equivocadamente” um link que me levou ao colo dA Mãe (Mira
Alfassa) e no momento que li o texto abaixo soube que era a resposta que havia pedido.
“O pessimista e o Otimista”.
"A meu ver, o estado ideal é aquele
em que, constantemente consciente de Tua Consciência, sabemos a cada
instante, espontaneamente, sem qualquer reflexão necessária, o que
deve ser feito exatamente para melhor expressar Tua lei.
Este estado, eu o
conheço, porque me encontrei nele em certos momentos, porém, muitas
vezes, o conhecimento do “como” é velado por uma bruma de
ignorância, e devemos apelar para a reflexão, que não é sempre
uma boa conselheira, sem falar em tudo o que devemos fazer a cada
minuto, sem ter tempo para refletir, ao sabor da inspiração do
momento. Até onde é ela de acordo ou contrária à Tua lei? Depende
do estado do subconsciente, do que está ativo nele naquele momento.
Uma vez o ato cumprido,
se tiver qualquer importância, se pudermos olhá-lo, analisá-lo,
compreendê-lo, ele serve de lição, permite tomar consciência do
motivo da ação, e portanto de qualquer coisa neste subconsciente
que ainda governe e deva ser controlado.
É impossível que em
toda ação terrestre não haja um lado bom e um lado mau. Mesmo as
ações que expressam melhor a lei do Amor, a mais divina, contêm em
si qualquer coisa da desordem e da sobra inerentes ao mundo tal como
ele é atualmente. Certos seres, aqueles que chamamos de pessimistas,
percebem quase exclusivamente o lado sombrio de todas as coisas.
Os otimistas, ao
contrário, não vêem senão o lado de beleza e de harmonia. E se é
ridículo e ignorante ser um otimista involuntário, não será uma
feliz conquista se tornar um otimista voluntário? Aos olhos dos
pessimistas, o que quer que façamos será sempre mau, ignorante ou
egoísta; como fazer para satisfazê-los? É uma tarefa impossível.
Há apenas um recurso:
unir-se tão perfeitamente quanto possível à luz mais elevada e
mais pura que possamos conceber, identificar, também, tão
completamente quanto possível, sua consciência com a Consciência
absoluta, esforçar-se para receber dela apenas todas as inspirações,
para melhor favorecer sua manifestação sobre a terra, e, confiante
em seu poder, considerar os eventos com serenidade.
Desde que tudo está
misturado inevitavelmente na manifestação atual, o mais sábio é
fazer o melhor, esforçando-se em direção a uma luz sempre mais
elevada e resignar-se com o fato de que absoluta perfeição é, no
momento, irrealizável.
Com que ardor, no
entanto, é preciso aspirar sempre por essa perfeição inacessível.".
Extraído do livro Preces e Meditações – A
Mãe- Ed. Shakti
Então, continuo com meu otimismo,
agora voluntário,
fazendo o melhor que posso e
aspirando ardentemente a Luz e a Paz,
Porque eu quero é
Ser Felizes Agora
Como diz a música de Oswaldo Montenegro.
Lindo Sandra!
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