Tem muita gente falando que essa história de aquecimento global é lorota, que o
clima é assim mesmo, as emissões de carbono na atmosfera não
influenciam em nada ou quase nada o clima do planeta, que as
alterações são locais e não globais, que tudo não passa de um
jogo de interesses e blá, blá, blá.
Sempre me pauto em buscar a verdade, mas até bem pouco tempo esse blá, blá, blá não levava a nada, a não ser embaralhar ainda mais um confuso
meio de campo que já não sai do lugar faz um tempão.Tanto de um lado como do outro.
Só que na atual conjuntura este desmentido está servindo e
muito bem servido àqueles que procuram aprovar o Novo
Código Florestal do jeitinho que ele está. Será também um jogo de interesses?
Diria que no momento é um desmentido
nada mais que conveniente; pré aprovação do
Código pela Presidenta Dilma e nas véspera de mais uma glamourosa
reunião internacional sobre Clima e Meio Ambiente, o Rio + 20.
Fico aqui a perguntar
aos meus botões, pois não sei se em outro lugar conseguiria a
resposta: Se é tudo lorota e todos esses cientistas que falam em
aquecimento Global, alteração do clima, estavam errados? E o que esses
outros que estão vindo ago propõe?
Espera aí... É certo, não têm nada a propor, pois
o clima segue de forma normal dentro de suas anormalidades. Então, teremos o aval
para continuarmos crescendo economicamente e salvar uma economia mundial agonizante, pois em nada prejudicaremos nosso planeta como os malucos ambientalistas estavam propagando.
Conveniente pensar isso
neste momento, não é?
Só que não acredito ter sido uma farsa a discussão sobre mudança climática, como muitos estão querendo agora nos convencer. Em
ciência as conclusões são lentas e nem sempre é o que ela diz, mas como usam o que ela diz, é o que faz a diferença. Os interesses manipulatórios que orquestram opiniões e pensamentos é onde mora o perigo.
Isso me fez lembrar da tristeza de Santos Dumont, quando viu sua invenção servir para fins de destruição. Em uma carta de despedida dessa vida, ele diz:
"Àqueles que compartilharam comigo a tristeza dessa vida
O
que adianta senhores, viver e não interferir na vivência das pessoas? O
que adianta passarmos nesta vida como uma flecha, rápida e
imperceptível?
A verdade da vida consiste em fazermos parte, de
atuarmos pelo bem do homem, e não como uma triste lembrança de mal
agouro, que amarga os sonhos, assim como os ditadores do passado, a fome
do presente e o pessimismo do futuro. Viver consiste no dia a dia, e
não no amanhã. É atuar descompromissadamente a favor do próximo, pois já
dizia o poeta “belo dar ao ser solicitado, porém é mais belo dar sem
ser solicitado, por haver apenas compreendido”.
Senhores, muito
sofri. Fui utilizado como joguete, intensificando um panorama caótico e
antropofágico. A escravização mental é um de nossos males, o apego
ilimitável à materialidade nos corrompe, como a relva exposta ao fogo.
Perdemos a noção do que é ético, pois a ética capitalista não preserva a
existência da humanidade, ela é em si e por si. É a essência daquilo
que de mal temos.
Onde, digam-me, podemos encontrar um refúgio, um
subterfúgio, a fim de nos mantermos invulneráveis daquilo que nos
aflinge? No amor. No amor pelo próximo, no amor pela vida, no amor
desapegado e sem interesse, pois daqui nada se leva, somente as boas (ou
más) lembranças voluptuosas que levaremos para o Jardim do Éden, ou
para algum lugar diametralmente oposto, mais profundo e odioso.
Como
sabem, associam minha imagem à daquele instrumento, que, doravante,
considero um mero instrumento supérfluo e de utilização sobretudo
beligerante. De quanto vale, pergunto-lhes, todo desenvolvimento
tecnológico, se o homem não é a medida e o fim dessas coisas? Que ordem é
essa que obriga o homem àquilo de mais desprezível e assustador? Se
essa exacerbada materialidade nos conduz a um fim nocivo, por que tudo
isso tornou-se um vício?
Senhores, despeço-me de vossas mercês
deixando uma mensagem que sirva de ferramenta para, mesmo que
minimamente, alterar os seus dia-a-dias e suprimir, a partir do momento
em que se tornem conscientizados de tais verdades, a corrupção do mundo:
“O homem somente se faz homem na relação com o próximo. O alicerce nas
relações é a confiança recíproca. E às vezes somos iludidos pela
confiança, mas a desconfiança faz com que sejamos enganados por nós
mesmos.
(Alberto Santos Dumont)"
Quem está certo nesse
debate sobre o clima eu não sei, mas vejo por trás dessa discussão o verdadeiro problema: nosso sistema consumista. Toda essa propagação de ideias resgatou a discussão ecológica para nossa pauta diária. Isso é muito bom e espero que não retroceda.
Deixo aqui um vídeo que fala muito sobre esse nosso "jeitinho" consumista de ser.
Não há amanhã