“Um vírus chamado Medo”.
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Depois de ver esse documentário, reforcei ainda mais meus pensamentos sobre o medo e suas consequências em nossa sociedade. Na verdade ele tem sido um tema a me acompanhar desde que me entendo por gente. Não que seja uma pessoa medrosa, ao contrário, para poder seguir apesar de todas as adversidades, aprendi a combater os medos que estavam a minha volta e dentro de mim. Aprendi a vê-lo como um inimigo limitador a ser combatido, uma doença, um vírus que não me pertencia.
Sou daquele tempo em
que o bicho papão pegava mesmo e se não fosse ele poderia ser o
homem do saco ou o chinelo de minha mãe, o mais perigoso de todos.
Para piorar a história, morei dos três aos sete anos em uma rua que
ficava atrás de um cemitério. Rs
Como não tinha
televisão em casa e nem nas da vizinhança, a noite o povo gostava
de se reunir na rua com as cadeiras na calçada. Enquanto as crianças
brincavam, os causos de família eram relatados e quando era de
assombração parávamos qualquer brincadeira para ouvir. rs Aquele
programa de rádio, “Histórias que povo conta”, veio depois e nem me
assombrava mais. Ah!! Nesse período tomei um baita choque elétrico
que quase me levou para o outro mundo. A recomendação era evitar
esforço físico enquanto estivesse com a disritmia cárdica. Moral
da história, fiquei com medo de correr e de outras brincadeiras que fizessem
meu coração bater mais rápido. rsrs Lá sabia eu que é natural o
coração acelerar durante uma corrida, mas ali quietinha ele batia
sossegadamente. rs Assim, aprendi desde cedo a observar e escutar
meu coração e o que estava ao meu redor.
Dos sete anos para
frente foram vários os medos de outras origens. No rádio, o Gil
Gomes nos remetia ao mundo real de bandidos, sequestradores, terroristas e assassinos. Naquele
horário dificilmente tinha uma casa com o rádio desligado.
Andando pelas ruas poderíamos escutar de casa em casa os casos que viravam assunto do
dia, da semana ou do ano.
Somando-se a ele havia o Juizado de Menores. Já não morava atrás do cemitério, mas em frente a uma escola e quando terminava o horário noturno só via o pessoal correndo para casa rapidinho, antes que o Juizado passasse na rua. Quanta corrida demos?!!!Kkk... Às vezes ficávamos na rua normalmente, em frente a nossa casa, brincando ou conversando, aí passava um correndo e gritando “Juizado. Juizado...” Num instante, como o Leão da Montanha, era só saída para a esquerda, saída para a direita e rua deserta.
Somando-se a ele havia o Juizado de Menores. Já não morava atrás do cemitério, mas em frente a uma escola e quando terminava o horário noturno só via o pessoal correndo para casa rapidinho, antes que o Juizado passasse na rua. Quanta corrida demos?!!!Kkk... Às vezes ficávamos na rua normalmente, em frente a nossa casa, brincando ou conversando, aí passava um correndo e gritando “Juizado. Juizado...” Num instante, como o Leão da Montanha, era só saída para a esquerda, saída para a direita e rua deserta.
Entrávamos
correndo e ficávamos encolhidas, observando através do vitrô entreaberto... Era um
alívio quando víamos a rua vazia... Cheguei a ver também as
abordagens de policiais armados em nossa esquina. Quando isso
acontecia fechávamos correndo a janela e íamos para debaixo do
cobertor. Andar sem carteira profissional no bolso era extremamente
perigoso, meu pai antes de sair certificava que estava com ela. Não
entendia direito o que era aquilo, mas sentia falta das cadeiras nas
ruas e conversas com os vizinhos durante a noite.
O tempo foi passando e
cheguei na adolescência repleta de sonhos e desejos, que para aquele
meu mundo eram de certa forma perigosos. Não pensava em namoro,
casamento e filhos como a maioria de minhas amiguinhas. Queria mudar
o mundo, queria romper limites que a vida me empunha, queria ter uma
profissão. Com onze anos já tinha escolhido o jornalismo. Lembro
que sobre isso uma vizinha me disse: “tua máquina de escrever vai
ser um tanque” e todo mundo riu. Fiquei muito tempo sem falar com
ela. Meu medo naquela época era não conseguir romper os limites
que a vida me empunha.
Bem, foi justamente
nesse período de adolescente que ia mudar o mundo, que um filme me
levou a pensar conscientemente sobre o medo.
Hoje percebo o quanto ele me ajudou a quebrar minhas barreiras. De fato, consciência é tudo!
O
filme foi 1984... Era um feriado de 1974, período da tarde, eu
sozinha na sala, pois ninguém conseguiu acompanhar e ainda tive que
brigar para não mudarem de canal. Depois do filme, quase que
hipnotizada me sentei no muro e fiquei olhando a Serra do Mar. O
entendimento que tive naquele momento era que o medo controlava
nossas vidas e nosso mundo. “Nunca, ninguém poderia saber qual o
meu maior medo. Nunca”. Prometi. Intuitivamente, pensei que não poderia deixar o medo me impedir de mudar minha vida.
De lá para cá se passaram alguns aninhos e essa vida foi muito prodigiosa em me testar com relação ao medo e quebra de barreiras.
Hoje, percebo com mais
clareza o quanto o medo domina nossas vidas, controla os rumos de nossa
sociedade, nos tornando prisioneiros de vontades alheias.
Podemos não ter o Grande Irmão, mas temos uma rede muito mais sutil e dominadora.
Podemos não ter o Grande Irmão, mas temos uma rede muito mais sutil e dominadora.
Para
combatê-lo só a ampliação da consciência. Deixar a
preguiça de lado e pensar, sentir e ir além do mundo que nos
cerca. Isso se faz de várias formas, uma delas é buscar informações e não esquecer de confrontá-las.
Mas, aviso: dá trabalho.
Esse outro é um
documentário sobre 1984,
o melhor que vi até agora.
Sandra
ResponderExcluirvc me relembrou muitas coisas que passei tbm...
e hoje concluo que o maoir
e prejudicial medo
que algue'm pode ter ,
e' o medo de crescer,
para poder * aparecer *.....rsss
Bjs