A Vida é prática.
Essa é uma lição que recebemos das crianças e de pessoas ... Digamos, descomplicadas.
A simplicidade da Senhora que jogava sementes pela janela do ônibus, que inseri em "Não espere resultados, siga semeando", também é encontrada no personagem Elzéard Bouffier, de "O Homem que Plantava Árvores", conto de Jean Giono, escrito em 1980.
Não consegui descobrir se Elzéard Bouffier existiu, mas seria possível que sim, seja na França, cenário onde desenrola a historia, no sertão nordestino ou em qualquer outro canto do planeta onde a vida precisa brotar.
A simplicidade da Senhora que jogava sementes pela janela do ônibus, que inseri em "Não espere resultados, siga semeando", também é encontrada no personagem Elzéard Bouffier, de "O Homem que Plantava Árvores", conto de Jean Giono, escrito em 1980.
Não consegui descobrir se Elzéard Bouffier existiu, mas seria possível que sim, seja na França, cenário onde desenrola a historia, no sertão nordestino ou em qualquer outro canto do planeta onde a vida precisa brotar.
Durante mais de 30
anos, Elzèard Bouffier, viveu para semear uma área dos Alpes
franceses. Terra que encontrou árida e aparentemente sem vida.
Todo dia
selecionava sementes que delicadamente plantava enquanto caminhava
com suas ovelhas. No silêncio seu trabalho era feito pelo simples
motivo de ser necessário. Nada mais.
O filme de animação feito com base nesse conto é belíssimo, tanto pela história, quanto pelos traços dos desenhos e narração. Obra rara e pouco
divulgada em um mundo que precisa tanto relembrar a beleza humana que está muito além das formas, nas atitudes que transformam e
florescem os espaços áridos.
Como diz o início do texto:
"Para que o caráter de um
ser humano revele qualidades verdadeiramente excepcionais, é
preciso ter a chance de refletir sobre suas ações
durante longos anos. Se essa ação for desprovida de todo o
egoísmo, se a razão que a dirige for de uma generosidade sem
limites, se estiver absolutamente certo de que não está à
procura de recompensas de forma alguma e, acima de tudo, tem deixado
marcas visíveis em todo o mundo, então sem sombra de dúvida se
está diante de um caráter inesquecível".
e ao final:
"Quando
eu penso que um único homem, confiando apenas em seus próprios recursos físicos
e morais, foi capaz de transformar um deserto nesta terra de Canaã, eu estou
convencido que a despeito de tudo, a condição humana é verdadeiramente
admirável. Mas quando eu levo em conta a constância, a grandeza da alma, e a
dedicação desprendida necessária para trazer esta transformação, eu sou tomado
de um imenso respeito por este camponês velho e inculto que soube como realizar
esta obra digna de Deus.
Essas sementes de
Bouffier devolveram vida a um pedaço dos Alpes, existem outras que
devolvem vida à pessoas, animais, famílias e sociedades.
Aqui deixo o filme de animação que em 1988 ganhou o Oscar dessa categoria.
Essa foi a melhor versão que encontrei.
Aqui deixo um trecho do belo conto de Jean Giono
"......
A
companhia deste homem trouxe-me uma sensação de paz. Eu perguntei-lhe na manhã
seguinte se eu podia ficar e descansar o dia inteiro com ele. Ele achou aquilo
perfeitamente natural. Ou, mais exatamente, ele me deu a impressão de que nada
podia perturbá-lo. Este descanso não era absolutamente necessário para mim, mas
eu fiquei intrigado e queria saber mais a respeito daquele homem. Ele tirou as
ovelhas do aprisco e levou-as ao pasto. Antes de partir ele molhou num balde
d'água o saquinho que continha os frutos de carvalho que ele tão cuidadosamente
havia escolhido e contado. Eu
notei que ele carregava como uma espécie de cajado uma barra de ferro de um
metro e meio de comprimento e a espessura de seu polegar.
Eu andei como se estivesse passeando, seguindo uma rota paralela a sua. Suas
ovelhas pastavam no fundo de um vale. Ele deixou seu rebanho aos cuidados de
seu cachorro e subiu até o ponto onde eu estava. Eu fiquei temeroso de que ele
viesse para me repreender por indiscrição, mas nao: era sua própria rota e ele
me convidou para acompanhá-lo, se eu não tivesse nada melhor para fazer. Ele
continuou subindo por duzentos metros.
Tendo
chegado ao local destinado, ele começou a cavar a terra com o cajado de ferro,
fazendo um buraco onde ele punha um fruto de carvalho, cobrindo o buraco
depois. Ele estava plantando carvalhos. Eu lhe perguntei se aquela terra
pertencia a ele. Ele disse que não. Ele sabia a quem aquelas terras pertenciam?
Ele não sabia. Ele supunha que era terra comunal, ou talvez pertencesse a
alguém que não se importava com ela. Ele mesmo não se importava em conhecer
quem era o proprietário. Deste modo ele plantou seus cem frutos com todo o
cuidado.
Depois
do almoço ele começou a separar seus frutos de novo. Eu devo ter insistido o
suficiente em minhas perguntas porque ele as respondeu. Há três anos ele
plantava árvores deste modo solitário. Ele havia plantado cem mil. Destes cem
mil, vinte mil nasceram. Ele contava em perder metade destas para os roedores
ou para qualquer outra coisa imprevisível nos desígnios da Providência. Então
sobrariam dez mil carvalhos que cresceriam onde antes não havia nada.
Neste
momento eu comecei a imaginar qual seria sua idade. Claramente passara dos cinqüenta
anos. Cinqüenta e cinco ele, ele me disse. Seu nome era Elzeard Bouffier. Ele
tivera uma fazenda nas planícies onde vivera a maior parte de sua vida. Ele
perdera seu único filho, e depois sua esposa. Ele retirou-se à solidão, onde
ele se comprazia numa vida sossegada, com seu rebanho de ovelhas e seu
cachorro. Ele concluíra que aquela terra estava morrendo por falta de árvores e
acrescentou que, não tendo nada mais importante para fazer, ele decidira
remediar aquela situação.
Levando
como eu naquele tempo uma vida solitária a despeito da minha juventude, eu
sabia como tratar pessoas solitárias com delicadeza. Ainda assim, eu cometi um
erro. Era precisamente a minha juventude que me forçara a imaginar o futuro em
meus próprios termos, incluindo uma certa busca por felicidade. Eu disse a ele
que em trinta anos aqueles dez mil carvalhos seriam magníficos. Ele me
respondeu muito simplesmente que, se Deus lhe desse vida, em trinta anos ele
plantaria muito mais árvores do que aqueles dez mil carvalhos, de modo que eles
pareceriam uma gota no oceano.
Ele
também começara a estudar a propagação de faias e tinha perto de sua casa um
viveiro cheio de mudas crescidas. Seus pequenos protegidos, que ele mantinha
longe das ovelhas com uma cerca de arame, cresciam belas. Ele também
considerara plantar bétulas nos fundos do vale onde, ele me disse, havia
umidade a apenas alguns metros debaixo da superfície do solo.
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