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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Lia Diskin e o UBUNTU


Se tem um Ser humano vivendo em nossa terra do qual sou fã de carteirinha, é da jornalista e filósofa Lia Diskn. Ela é um exemplo de quem arregaça  a manga da camisa e faz. Argentina de nascimento,  podemos dizer que ela é uma mulher do planeta, hoje habitando no Brasil, em São Paulo. Estudou filosofia  budista, e teve o Dalai Lama como um dos seus professores. É uma das fundadoras da Associação Palas Athenas, participa do Fundo Mundial para a Natureza (Word Wildfile Fund) e coordena o Comitê Paulista da Década da Cultura da Paz, um programa da UNESCO. Além de outros trabalhos, entre eles na Fundação Casa, antiga FEBEM, cuidando dos cuidadores.

Porque lembrei dela? Recebi por fontes diferentes e-mails com um texto com uma história, que dizem, foi contada por ela em uma palestra, no Festival Mundial da Paz em 2006 na cidade de Florianópolis.

Gostei muito do texto e deixarei abaixo, porém, fiquei pensando que muita gente leu o texto sem ter idéia quem é a Lia, o que ela fala e faz mundo afora. Então, aproveitei a oportunidade para lembrar e destacar aquela que o originou.  Existem muitos que como ela não rende mídia, fazem um trabalho muitas vezes no anonimato para auxiliar na mudança de consciência planetária. Parece que só o mal é divulgado.

Nessa mensagem que mencionei, diz que Lia contou a história de um antropólogo estava estudando os usos e costumes de uma tribo Africana.

“Quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta para casa. Sobrava tempo, mas ele não queria catequizar os membros da tribo, então, propôs uma brincadeira para as crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo em um cesto bem enfeitado e colocou-o abaixo de 1 árvore.  Depois chamou as crianças e combinou que quando ele falasse 'já', elas deveriam sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão. Quando ele disse 'já', instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção ao cesto. Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou porque elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.
 

Elas simplesmente responderam: “Ubuntu”. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?

Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

UBUNTU significa: “Sou quem sou, porque somos todos nós”

Para quem não a conhece, aqui tem uma entrevista de Lia  para uma TV de Londrina sobre
a cultura da paz.


Criando Núcleos Comunitários de Defesa Civil - NUDEC's

A pergunta

Há pouco tempo descobri a Defesa Civil. Sim, descobri, porque existe uma distância incrível entre saber da existência e tomar consciência desse trabalho, sua necessidade e abrangência dentro do contexto de uma comunidade.   Com certeza passei a vê-la com outros olhos.

Aconteceu que a partir das reflexões que faço em meu blog e no Painel Global, sobre questões que podem acarretar certas catástrofes ambientais, comecei a perguntar: o que de imediato podemos fazer para amenizar as conseqüências dessas ocorrências,  já que  não as podemos evitar?

Afinal, mudar o ciclo do planeta, não podemos e nem devemos,  até por essas interferências desarmonizamos e prejudicamos muito esses processos natural. 

A Terra, como um sistema vivo, busca proteção contra certos ataques. Mudar comportamentos, viver em harmonia com a natureza que nos cerca , trabalhar em busca de um conhecimento maior de nós mesmos, tudo isso são passos que dependem de cada um e que fariam a diferença caso fosse a prioridade de um maior número de seres humanos. Mas,  o que vemos é uma desconexão total desse objetivo, que para muitos nem passa pela cabeça.

Sempre penso que talvez seja mais fácil mudar de planeta do que mudar a consciência dos humanos do Planeta. A maioria vê essas catástrofes como espetáculo dramático. Fica na memória como algo distante e pôr vezes incompreensível,  no máximo como um bom momento para exercitar a solidariedade. Manda-se alimentos, roupas... Mas, está láááá, num reino bem... Bem..  distante.

Só que tudo muda quando a tragédia bate a porta.  É quando se descobre que podia acontecer com qualquer um e não apenas com aquele, que não se via direito nem o rosto pela TV. 

O fato

Após começar a fazer essa pergunta recebi uma resposta, lendo uma pequena matéria no Diário Oficial de Santos, sobre um curso da Defesa Civil para formação de NUDEC's.

Achei interessante e guardei a pequenina matéria, que chamaria de nota e fui atrás de mais informações. Descobri então algumas ações e planejamentos a nível nacional,  que começam a serem realizados dentro dessa perspectiva de prevenção.

Vejam, todos os grandes acidentes nos últimos anos no Brasil, que ocasionaram grande número de mortes e destruições poderiam ter tido outro resultado se houvesse  monitoramento, acompanhamento e educação ambiental.

Não digo educação ambiental, dessas que já estamos nos habituando a conhecer, que parte do macro para o micro. Mas, de uma que caminhe no sentido oposto,  que nos faça consciente do meio ambiente no qual habitamos, partindo de nossa casa para nossa rua, para nosso bairro, para nossa cidade, nosso Estado, nosso País, nosso continente, nosso Planeta.  Quais problemas temos em nosso quintal, em nossa habitação que possa de alguma forma ocasionar riscos? Em nossa rua? Em nosso bairro?... Então, o que de imediato e concreto podemos fazer é conhecer,  prevenir e educar o máximo possível para enfrentar esses riscos localmente.

É o que acontece no Japão, no Chile, nos EUA e tem evitado um número maior de vítimas fatais. Em contrapartida, vejam o que aconteceu  no Haiti,  veja o que acontece no Brasil a cada ano devido as águas da chuva. É que o clima está mudando?  Então, está na hora de mudarmos também e sermos mais conscientes de nossas tarefas.

A Defesa Civil é o órgão organizado que capacita para essa  prevenção e ação,  sendo as NUDEC’s os olheiros e apoiadores dela nas comunidades.


10/03/1958 - desabamento de parte da encosta do Monte Serrat/Santos/São Paulo



Sobre NUDEC


Para situar as NUDECs, temos que entender  como funciona o Sistema de Defesa Civil no Brasil.

Ele está diretamente subordinado ao Ministério de Integração Nacional, em Brasília. Esse Sistema é integrado pelas coordenadorias Estaduais de Defesa civil (Cedec) que atuam em cada estado. Nos municípios, este trabalho é de responsabilidade da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec). Dentro do município, cabe a Prefeitura o papel e a responsabilidade de incentivar a criação dos Núcleos de Defesa Civil (NUDEC).

Este é o elo mais importante e base desse Sistema, pois é formado por cidadãos da comunidade, através do trabalho voluntário em ações preventivas e educativas. Esses cidadãos recebem treinamentos que possibilitam identificar riscos locais, além de prestar socorro imediato nas situações de calamidades e emergências.

Em todo o Brasil existem municípios se mobilizando para a formação desses Núcleos.

Em Santos, de acordo com informações do Coordenador de Riscos Geológicos, Ernesto Tabuchi,  estão ativos seis (Caruara, Tiro Naval, Monte Serrat, Mangue Seco, Ilhéu Baixo e São Manoel), e cerca de 10 em formação. “A pretensão é difundir por toda a cidade, com enfoque em áreas mais vulneráveis. A expectativa neste ano tem sido superada“, segundo ele o motivo do aumento de interesse, foram os eventos dos últimos anos no Brasil, sobretudo na região Serrana do Rio.

O Coordenador explica que para a organização dos NUDEC’s é necessário o mínimo de 10 pessoas da comunidade que possam trabalhar em conjunto. Ou seja, não adianta terem 10 pessoas que morem na comunidade, porém, afastadas uma da outra. Existem bairros grandes que comportam vários núcleos, sendo a proximidade desses agentes importantes para as ações imediatas.

“Não há um limite pré estipulado para a formação desses Núcleos, porém, pretendemos formar pelo menos 10 grupos por ano”, afirma Ernesto, destacando que os critérios são baseados no voluntarismo e compreensão do espírito do trabalho.

"Ser um NUDEC (Núcleo de Defesa Civil) significa ser um agente voluntário da Defesa Civil para ajudar na prevenção e difusão de informações em sua própria comunidade, tornando-a mais segura, a partir do momento em que as pessoas passam a praticar ações neste sentido", diz Ernesto, concluindo que  este é o elo de ligação entre a Prefeitura e o local onde mora.

Vista da orla da cidade de Santos com formação de uma tempestade


O Curso  para Formação de NUDEC’s em Santos

Estão abertas as inscrições para os próximos cursos que serão realizados nas 
três primeiras segunda-feiras de Agosto,  dias 01, 08 e 15
19hs,
no CAIS (antigo Colégio Santista), Rua 7 de Setembro, 34. 
Telefone para inscrições 3208-1000 e 3208-1043.


Crédito Foto Sandra Silva
Segundo o Coordenador de riscos geológicos da Defesa Civil de Santos, Ernesto Tabuchi, nesse novo formato já foram realizados 11 cursos, desde 2008, tendo participado cerca de 200 pessoas. Porém,  conforme informação da coordenadora do Curso, ainda não conseguiram atingir o interesse da população de áreas como os Diques, onde existem elevados riscos, tanto de natureza humana social, quanto naturais.

No mês de junho fiz o curso e nessa minha turma participaram mais de trinta pessoas de diferentes bairros, idades e níveis de conhecimento.

No Primeiro dia tivemos Noções de Primeiros Socorros com a enfermeira do SAMU, Lilian de Oliveira Tomaz. Os assuntos tratados foram desde os procedimentos de emergência quando houver parada respiratórias até os procedimentos nos diversos tipos de queimaduras. Quase quatro horas de muita informação.

Crédito Foto - Sandra Silva



No Segundo  dia foi o Sargento Clóvis Vieira de França,  quem deu aula sobre Prevenção e Combate a Incêndio, com direito a demonstração prática dos diversos tipos de extintores e sua aplicabilidade. Sempre é bom lembrar que os riscos de incêndios em comunidades da Região, devido aos “gatos” nas redes elétricas, são uma das principais ocorrências; conhecidos como Acidentes Humanos de Natureza Social.

Crédito Foto - Sandra silva
Crédito Foto - Sandra Silva


No Terceiro dia foi sobre Noções Básicas de Defesa Civil, palestra realizada pelo Coordenador de riscos geológico, Ernesto Tabuchi. Além de falar sobre a organização da Defesa Civil, as fases em que atua, conhecemos o que são fatores de risco e os principais problemas da cidade. Ao final o convite para que todos participem da ativamente em suas comunidades e auxiliem na formação dos Núcleos.

Crédito foto - Sandra Silva


Posso dizer que gostei muito das informações dadas e da forma como foram expostas, nada cansativo para um curso de segunda-feira a noite. É um tipo de conhecimento que independente da futura atuação dos participantes, lhes serão úteis na vida diária.

Para mim, serviu também para pegar mais um fio de uma tela que se forma em minha consciência. Um dos diversos fios de um tear que se unem formando o desenho de um só tecido. Com isso, cresceu ainda mais a necessidade de pesquisar e agir, pois de que adianta ficar prevendo e comentando os riscos se nada fizermos de concreto para amenizá-los. Um primeiro passo que dou é esse, levar a conhecer através de meu blog esse trabalho.

Por isso, a partir desse post, estarei também disponibilizando páginas para postar notícias relacionadas a essa questão. É uma forma de divulgar, por mínima que seja, mas, espero que auxilie como o serviço de uma formiguinha carregando sua parte para o formigueiro.