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domingo, 15 de abril de 2012

Quando o medo encobre a razão o efeito é escuridão.


Essa semana a violência nossa de cada dia, voltou a pauta de meus dias. No post Otimismo voluntário tinha falado sobre isso e não imaginei que a semana seguinte seria assim.

Um policial é assassinado em Santos, na Zona Noroeste, e logo após outras mortes acontecem; "julgam-se" fruto de uma reação. Se foi não se sabe, mas no outro dia boataria geral... “Toque de recolher” emitido pela rádio peão. Na escola onde trabalho, do nada, pais que acabaram de trazer os filhos para a escola voltavam para retirá-los. Motivo: Medo. Cada um que encostava no balcão contava uma estória sem fundamento, mas com convicção. Na verdade estavam aterrorizados por boatos e replicavam com sua versão o "diz que disse". Alguns juravam que tínhamos ligado para buscar a criança e não acreditavam quando falávamos que ninguém ligou. Não conseguíamos nem linha para nosso serviço de rotina, eram só pais ligando.

Incrível, como o medo contagia tão velozmente. Já teríamos atingido um alto grau no caminho da evolução se o contagio da paz, da harmonia, da esperança, das atitudes positivas e outros tantos sentimentos construtivos se dessem na mesma proporção! Mas, o vírus do medo é poderoso e na mesma medida  que é rápido ele nos tornam lentos, até levar ao congelamento dos movimentos. Mais que isso, ele encobre de sombras toda a luz da razão.

Como mudar esse clima em um mundo onde a sombra e luz reagem como opostos, sem perceberem que são frutos de um mesmo princípio. Luz cria sombra. Sombra transforma-se em luz. Ela não existe para nos dominar e sim para nos transformar. Até que em algum lugar no tempo infinito só sobre em algo que vai mais além da Luz... Um estado que estamos até longe de conseguir imaginar, quanto mais de nomear.

Porém, neste aqui e agora, essas sombras pouco conhecidas por nós é muito bem estudada por outros. Eles estimulam sua propagação, não nos deixando ver saídas, não deixando frestas... Manipulam nossos medos e nos transformam em reféns de suas vontades. 

Produzem um efeito tal que estas sombras individuais se transformam em uma poderosa sombra coletiva. O contraste  individual  do bem e do mal, do amor e do ódio, do mocinho e do bandido se embaralham em um sentimento coletivo de insegurança e medo.

O medo que enfraquece as resistências e nos priva da lucidez.

Quando somos um ou outro? Quem tem razão nesse jogo de luz e escuridão que cobre nosso mundo? Quando a reação de um é igual ao crime do outro e para trazer a paz se usam as mesmas armas da guerra, o que podemos esperar? A falta da razão e total  Escuridão.

Como lidar com essa sombra coletiva? Vencer essa mídia poderosa é difícil. Vencer esse grande Capital que nutre a insegurança, a violência, as desigualdades e propaga o medo é uma tarefa gigantesca, já que eles mantêm esse poder de manipulação. Mas, tudo é tempo e paciência. Luta e organização. Trazer luz à consciência é uma tarefa. Porém, quem sabe aprendendo a lidar com nossas sombras seja um primeiro passo possível?  Elas todos temos, conhecê-las e deixá-las emergir de forma construtiva, poucos fazem. A maioria as aprisionam, e não percebem como elas reagem através de nossos comportamentos destrutivos e depressivos.

Aprendo que conhecer nossas sombras é uma forma de reconhecer nossa luz. Trabalhar esses sentimentos é encarar nossos medos e seguir com mais confiança para o desenvolvimento de nossos potenciais humanos, o que transforma o mundo a nossa volta.

Pesando nisso, resolvi postar um vídeo que uma amiga enviou e que caberia hoje nessa postagem, "O Efeito Sombra", baseado no livro de Deepak Chopra, Marianne Williamson e Debbie Ford. Confesso que não sou adepta desses livros de auto-ajuda, mas tem muita informação interessante nesse vídeo.

Na verdade, a Sombra é um dos ensinamentos que Carl Jung nos deixou e ultimamente tem sido muito estudado e trabalhado por vários estudiosos.


EFEITO SOMBRA

domingo, 8 de abril de 2012

Semeando V: Escolhas que mudam vidas



Na postagem de ontem “Otimismo Voluntário” contei sobre uma escolha que fiz, ao não deixar meu coração congelar em meio ao sofrimento.

Enquanto escrevia lembrei de um livro que li recentemente: “Escolhas – dirigem seu presente, redigem seu futuro”.

Hoje é Páscoa, dia que celebramos o renascimento, um bom momento para falar sobre esse livro, pois em síntese conta a história de duas pessoas que optaram por renascer. Escolheram Viver e dar Vida.

O livro foi escrito por Marisa Mello Mendes, mãe de 30 filhos e um de seus 27 filhos adotivos, Renato Mello. Ambos, foram vítimas de violência infantil e são exemplos de pessoas que deram novos significados às suas vidas.

Renato Mello é considerado o maior caso de sobrevivência a extrema violência na infância da América Latina. Sua história foi divulgada amplamente pela mídia e hoje atua como palestrante, conselheiro e voluntário da instituição Parábola, ao lado de Marisa.

Como diz Marisa Mello, “Muitas pessoas declaram-se meros atores em um roteiro pré-escrito da vida. Nesta obra Renato Mello lhe motivará a descobrir-se como autor de sua própria história, compartilhado suas escolhas. A emocionante narrativa de sua trajetória de vitórias e superação, após uma infância de violências além da compreensão e resistência humana, lhe dará a perspectiva de que aceitar o possível não é suficiente. Seja encorajado a escolher viver além das expectativas e projeções pessoais! ….”

Ao contar sua história, Renato nos leva a várias reflexões sobre nossas vidas e o mundo no qual vivemos. Em muitos momentos me emocionei profundamente com sua narrativa, sua dor infantil, física e emocional ao não entender o que lhe acontecia. Sua doçura, mesmo em meio a tanto sofrimento me dava vontade de resgatar aquela criança e ao mesmo tempo pensava: "Ele agora está aqui escrevendo, nos tocando, porque lá fora outras crianças estão sendo submetidas a torturas e maus tratos das mais diversas formas".

Ele faz a sua parte se dedicando a um trabalho de resgate e conscientização sobre esse grave problema de nossa sociedade. Fico grata a ele e ao mesmo tempo envergonhada por pouco fazer a respeito. 

Porém, mais Grata ainda, por saber que pessoas como Marisa existem nesse nosso mundo, acolhendo sementes e cuidando dedicada e delicadamente para fazê-las crescer, florir e dar frutos.

Como conta no livro, cada dia é um milagre dando conta de tantas providências, tantos afazeres, tantas despesas, tantas histórias. Diria que é um milagre movido pelo amor, essa energia cuja vitória lembramos no dia de hoje. Um amor tão incondicional que tudo vence, até a morte. Um amor que nos permite renascer.

Renato e Marisa, meus queridos semeadores de luz. Minha Gratidão.

Deixo um vídeo com entrevista deles em um Programa de TV.

sábado, 7 de abril de 2012

Otimismo voluntário


Vivemos em uma sociedade doente e a violência é uma de suas manifestações. Não falo apenas da violência que agride o físico, mas de todas as suas formas de agreções a vida. 

Trabalhei em lugares onde vi e convivi com o resultado dessa doença social que afeta a cada um de nós e, em última instância, tem afastado muitos Seres de sua humanidade. 

Não precisaria trabalhar em presídios e manicômios para conhecer essa verdade, pois ela está a nossa volta. Mas quis a Vida me dar essa oportunidade de estar frente a frente com o que temos para lá do fundo do poço. Sei que depois dessa experiência me tornei uma pessoa  mais grata, mais humana e otimista. 

Diria que conviver com as dores alheias pode nos aproximar do coração e ele alarga nossa visão, nosso mundo e por vezes a nossa percepção. Também pode ocorrer o contrário, quando optamos por congelar o coração para conseguir lidar com essas situações. Sempre falaram que eu era uma manteiga derretida, então, essa opção de congelamento não daria certo em mim nem que eu quisesse.

Diria que individualmente passamos por várias situações difíceis na vida e as vezes o coração aperta a ponto de parecer que vai explodir, feito aquelas bolas de gás das festas de aniversário. É que falta espaço? Nessas horas não adianta muito apelar para a razão, porque tudo na mente se confunde na mistura descontrolada dos pensamentos que surgem de lugares inimagináveis de nosso ser... E quem sabe de outros. 
 
Muito da violência que encontramos hoje é fruto dessa inabilidade de lidar com essas dores ou mesmo a sua negação. A inabilidade de lidar com o que vai ao coração, pois é lá que o extrato dessa dor se aloja para ser transformado.
 
Estou refletindo sobre isso porque sinto um avanço dessa violência  e de um pessimismo a um nível mais generalizado, atingindo até movimentos que lutam a favor da vida. Essa violência pode se dar de várias maneiras e algumas até sutis, mas que corrompe princípios quando em nome da justiça se comete injustiças, usando-se as mesmas armas daqueles que criticamos.

Esses dias fiquei angustiada com essa sensação e pedi auxílio para entender o que acontece e como agir. Como sempre faço, peço e deixo quieto para que possa ver a resposta que a Vida vai enviar.

Não demorou muito e abri “equivocadamente” um link que me levou ao colo dA Mãe (Mira Alfassa) e no momento que li o texto abaixo soube que era a resposta que havia pedido.

“O pessimista e o Otimista”. 

"A meu ver, o estado ideal é aquele em que, constantemente consciente de Tua Consciência, sabemos a cada instante, espontaneamente, sem qualquer reflexão necessária, o que deve ser feito exatamente para melhor expressar Tua lei.
Este estado, eu o conheço, porque me encontrei nele em certos momentos, porém, muitas vezes, o conhecimento do “como” é velado por uma bruma de ignorância, e devemos apelar para a reflexão, que não é sempre uma boa conselheira, sem falar em tudo o que devemos fazer a cada minuto, sem ter tempo para refletir, ao sabor da inspiração do momento. Até onde é ela de acordo ou contrária à Tua lei? Depende do estado do subconsciente, do que está ativo nele naquele momento.
Uma vez o ato cumprido, se tiver qualquer importância, se pudermos olhá-lo, analisá-lo, compreendê-lo, ele serve de lição, permite tomar consciência do motivo da ação, e portanto de qualquer coisa neste subconsciente que ainda governe e deva ser controlado.
É impossível que em toda ação terrestre não haja um lado bom e um lado mau. Mesmo as ações que expressam melhor a lei do Amor, a mais divina, contêm em si qualquer coisa da desordem e da sobra inerentes ao mundo tal como ele é atualmente. Certos seres, aqueles que chamamos de pessimistas, percebem quase exclusivamente o lado sombrio de todas as coisas.
Os otimistas, ao contrário, não vêem senão o lado de beleza e de harmonia. E se é ridículo e ignorante ser um otimista involuntário, não será uma feliz conquista se tornar um otimista voluntário? Aos olhos dos pessimistas, o que quer que façamos será sempre mau, ignorante ou egoísta; como fazer para satisfazê-los? É uma tarefa impossível.
Há apenas um recurso: unir-se tão perfeitamente quanto possível à luz mais elevada e mais pura que possamos conceber, identificar, também, tão completamente quanto possível, sua consciência com a Consciência absoluta, esforçar-se para receber dela apenas todas as inspirações, para melhor favorecer sua manifestação sobre a terra, e, confiante em seu poder, considerar os eventos com serenidade.
Desde que tudo está misturado inevitavelmente na manifestação atual, o mais sábio é fazer o melhor, esforçando-se em direção a uma luz sempre mais elevada e resignar-se com o fato de que absoluta perfeição é, no momento, irrealizável.
Com que ardor, no entanto, é preciso aspirar sempre por essa perfeição inacessível.".
Extraído do livro Preces e Meditações – A Mãe- Ed. Shakti

Então, continuo com meu otimismo, 
agora voluntário,
 fazendo o melhor que posso e
aspirando ardentemente a Luz e a Paz, 
  Porque eu quero é 
Ser Felizes Agora
Como diz a música de Oswaldo Montenegro.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nessa sexta-feira Santa deixo Gandhi falar: "Em Deus"




Para essa sexta-feira Santa, pensei em deixar uma oração, um poema, ou escrever algo que lembrasse a fé, o amor, a esperança, a força e a luz desse grande Mestre da humanidade, Jesus. 
Ele deve estar lá longe em sua evolução, mas com certeza aqui pertinho de nós em seu amor.

Porém, resolvi deixar Gandhi falar sobre tudo isso.
Afinal, é um Ser que como poucos expressou em sua Vida ações e atitudes, 
como as que encontramos nas lições deixadas por Jesus.
 Um Ser que não se intimidou, brigou por sua nação,  revolucionou a forma de revolucionar,
 exerceu a ética e a paz como poucos.
Tudo com um amor incondicional em sua procura pela Verdade e pela Luz.




Durante sua estadia na Inglaterra em 1931, a Columbia Gramophone Company pediu a Gandhi para realizar uma gravação de sua voz. Gandhi afirmou sua inabilidade ao falar sobre política, e que com seus 62 anos, ele talvez fizesse sua primeira e última gravação, e que esta seria o veículo para carregar sua mensagem pelos anos vindouros. Gandhi leu um de seus artigos On God.
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