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sábado, 24 de janeiro de 2015

André Rieu e Carlos Buon. Violino e Acorden... Astor Piazzolla ...








... Momento fantástico... É para ouvir de olhos fechados, deixando-se livre para viajar pela energia transmitida por tamanha harmonia e vibração.

Deixar as células dos corpos livres para captarem todo poder desse estado que faz uma ponte direta com nossa alma. 

AH!!! A música é o que mais nos deixa perto dessa vibração de desprendimento da matéria densa... Mesmo que não saíamos do lugar nossas moléculas dançam, se revitalizam e se organizam... Curam muito mais do que podemos imaginar, pois só elas conhecem a desarmonia que as atingem. Desarmonia que chamamos de doença. 

Se o corpo puder acompanhar o ritmo, deixando-se levar sem censura ou especulação da mente, melhor ainda... Harmoniza interna e externamente, até o ambiente. 

A música tem esse poder de nos reaproximar do humano e divino que existe em nós ou nos distanciar ainda mais dele. Depende da vibração que transmite.

Esta, com certeza, nos deixa muito próximos da beleza interna da vida!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

A água nossa de cada dia - Cartas Suplicantes (Tietê)




Em breve enfrentaremos um problema sério, a água nossa de cada dia não estará tão disponível em nossas torneiras.

A questão é como enfrentaremos esse problema, acostumados como estamos com essa comodidade que a vida moderna nos trouxe: ter água dentro de casa, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Tão natural que nem lembramos que há  pouco tempo não era tão simples assim.

Fico imaginando as brigas que pode gerar e a corrida pela busca do culpado por esse incomodo.

Existe um Governo que deveria ter um planejamento para evitar esse problema? Sim, existe e tem responsabilidade sobre ele. Porém, o grande culpado somos nós. Todos nós que não valorizamos a Graça de podermos, nos dias de hoje,  tomar um copo com a água que encontramos dentro de nossas  casas. É. Não precisamos mais  pegá-la em um rio distante ou em um poço no quintal. Somos responsáveis sim, por não a valorizamos e a utilizarmos de forma irresponsável.

Nós, que não sabemos agradecer a um sistema que vem bem antes dos encanamentos e das torneiras, um sistema hídrico desenvolvido durante milhares e milhares de anos por um processo natural, que poucos conseguem enxergar. 

Para nosso jeitinho egoísta de ser, tudo que existe no Planeta é para nosso consumo e lidamos  com esse tudo, como se a eternidade das coisas e das outras vidas estivessem a disposição de nossas vontades.

Uma prova de nossa incapacidade de reconhecer as vidas que nos dão vida, é ver como tratamos nossos rios. Em São Paulo  o Tietê agoniza. Sim, os rios são sistemas cheios de vida, também ficam doentes, sofrem e morrem.

Estamos tão conectados a um sistema artificial que perdemos a noção da conexão que temos com um sistema maior que nos garante a vida, até mesmo com a água. Apesar de termos um corpo constituído praticamente de água, 70% .

Não é a toa que nessa terra onde a água está para ser racionada, existe esse grande e maravilhoso rio agonizando e hoje precisando de nossa ajuda, tanto quanto precisamos da ajuda dele. Quem sabe, só assim o Tietê seja visto com outros olhos, por todos aqueles que diariamente passem ao seu entorno. Um olhar carinhoso, mais amoroso e de agradecimento por tudo que já fez por nosso Estado e ainda poderá fazer. Um olhar de compaixão que o ajude a ter forças para reagir e sobreviver.

Não sei na prática como enfrentaremos esse problema, mas por mim peço à água nossa de cada dia, que nos seja concedida e nos perdoe por toda ofensa, maus tratos e indiferença com a qual a temos tratado.

Sei que é devaneio, mas não custa sonhar, pois sei o quanto seria benéfico essa nossa reconciliação. Por isso,  vejo nesse problema a possibilidade de reaprendermos, enquanto sociedade, a valorizar um pouco mais essa vida tão necessária à nossa sobrevivência.

O resto... Bem, o resto é resto e o deixo para os especialistas de plantão, afinal, nos últimos tempos todos sabem tudo de tudo e muito de nada. ... Discutir de quem é a culpa, como será o racionamento, a crise que virá por causa disso e tudo mais, de nada adianta agora, a não ser para quem quer o caos.  O certo é que já estamos no problema e poucos são os que mudaram de atitude. Ainda desperdiçamos como se nada houvesse, até que ela seque de vez em nossas torneiras. Não precisamos de raiva infantil e mais mimimi, mas de amadurecimento e consciência nas nossas atitudes. Se não aprendermos essa pequena lição, mesmo que daqui a um tempo tudo esteja normalizado, o problema voltará. 

Deixo aqui essa música, que bem poderia tocar alguns corações como tocou o meu:

Cartas Suplicantes (Tietê)


Eu trago cartas suplicantes de um rio
 Linhas tristes muitas mágoas solidão. 
 Mesmo teimoso e corajoso sucumbiu
 já não existe as fortes águas e a canção... 
Quem outrora o festejava a banhar. 
É quem agora simplesmente nem o vê.
Mesmo deixando tanta vida no lugar.
Vive em coma e vivencia o seu morrer.
Nasce, morre e corre em chão paulista
Apontando seta pro Sertão,
Mas aquele norte futurista
Hoje pobre morre pelas próprias mãos.
As cartas que eu lhe trago ó Amazonas,
Revelam a angustia de quem não quer morrer.
E pedem ainda, não permita o grande coma.
Em quem padece o seu filho, o Tietê. 




domingo, 11 de janeiro de 2015

Quando o Ser foi substituido pelo Ter.



“Tudo o que é sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas”. 

Tenho pensando muito nesse trecho do manifesto comunista e hoje resolvi terminar um texto que comecei a escrever a partir desses pensamentos:



A solidez a qual fazia referência, Marx
e Engel, era a das ideologias tão enaltecidas e preservadas em determinados momentos. Das formas de governar aos modos de produção e estruturas que pensamos serem sólidas. A história mostra que todas se rompem, caem e se refazem. Dialética.

Para eles, com o capitalismo não seria diferente, teria um ciclo que como todos os anteriores chegaria ao seu final. Vivemos de ciclos que se esgotam em si mesmo.

O erro de alguns, na época, foi pensar que esse ciclo capitalista não teria forças para outras renovações. Enfim, capitalismo tende a continuar sua existência enquanto tiver o que consumir, por ser esse o mecanismo pelo qual baseia sua estrutura: Consumir, consumir, consumir, mesmo que devore a si mesmo. Neste contexto o que temos de mais valioso, a Vida, é descartável.  O Ser é substituído pelo Ter.

A norma para a engrenagem não parar foi clara: estimular o querer ter para alimentar a rede devoradora.  Nessa lógica, vendeu-se a ideia de que querer é poder não apenas para concretizar objetivos, mas para obter esse poder.  Quem mais quer, mais têm, conquista degraus na pirâmide social, mais chances têm de ser feliz e se realizar através das coisas.  Implanta-se assim, o delírio pelo ter, não importa o que, para o que e por quê.

Pura ilusão!!! Quem mantém esse poder, é quem constrói, maneja e estimula esse "querer” e ai, os meios de Comunicação Social tornaram-se os grandes aliados, ou melhor, o novo braço direito do Poder econômico.  

A certa altura desse ciclo capitalista, o desejo não poderia mais ser livre, teria que ser dirigido, dosado e para isso dominado, porque o capital já não mais precisava só de mãos escravizadas para a produção e sim de desejos escravizados para consumir essas ilusões, na dose certa.

O que não tem preço, por ser inerente ao Ser, foi capturado e reconsagrado ao reino do consumo.  Ideologias, sentimentos, sonhos, princípios... Tudo cooptado e transformado em mercadoria. Chegamos agora ao ponto em que o Sistema é sustentado pelo que não se toca. A solidez da mercadoria é desfeita como fumaça no ar e o reino das emoções exposto nas vitrines.

A velocidade passou a ser a palavra-chave e a informação mais uma mercadoria de grande escala de consumo. Nessa Sociedade da Informação o Ser não precisa entender, não precisa pensar, têm os analistas que pensam e transmitem seus pensamentos... É só consumi-los. Nesse pacote vem incluída à ilusão do conhecimento. Mais uma captura do que há de mais vital na sociedade humana.

Porém, essa velocidade interfere não apenas em nossa relação com o tempo e sua continuidade, como também, nas nossas relações sociais. Essas ganham outras plataformas,  onde a virtualidade toma forma e se confunde com o real.

A vida e suas estruturas tornam-se efêmeras, superficiais e a relação humana desce ao nível da banalidade. Sem firmes alicerces internos, fica mais fácil derrubar construções e colocar outras no lugar, inclusive no lugar do humano.

Só assim consigo assimilar toda a desconexão que temos com tudo aquilo que de fato deveria importar à  nossa raça humana: o outro humano e o mundo com o qual nos relacionamos e pertencemos.
O que historicamente se esgotam são os ciclos e não o humano. Reconhecer essa verdade histórica devolveria a liberdade e a chance de sobrevivência de nossa civilização. Não reconhecê-la, nos levará a barbárie.

Por isso eu não sou Charlie...  EU SOU HUMANA de sobrenome SILVA.  E como humana sinto pelos mortos em Paris e por todos os humanos massacrados diariamente nesse planeta, seja por qual motivo for.