Ilustração de Mirella. Muitas vezes admiramos a paisagem que temos medo de tocar com nossos pés. |
Nossa vida é construída por imagens, conceitos e
muitas outras variantes. Olho ao redor e o que mais vejo são
construções estagnadas, ou pior, “terminadas". A vida
não é uma obra que se completa em si, é singular e única porque
não tem fim.
A arte da vida é regida por sua eterna
continuidade... Uma estrada que se constrói com nossos passos rumo a
uma expansão infinita, só possível quando permitimos as
mudanças.
Mudar nesse sentido passa longe da inconstância e
da leviandade, ao contrário, é agregar vivências novas as
adquiridas. Isso dá trabalho porque movimenta energia.
Veja o exemplo da pedra atirada em um lago
calmo, movimenta tudo ao redor e dependendo da intensidade essa
ondulação pode alcançar um amplo raio. Essa movimentação que
tira as pessoas do lugar, auxilia a oxigenar a vida, que ao contrário
ficaria como a água parada; estagnada e sem nutrientes, a apodrecer.
Em nosso caso, no início dessa estagnação
aparece aquela sensação de que algo está errado. Muitas vezes
surge como uma saudade de origem desconhecida. Só que não
é a lembrança de uma situação do passado, mas de outra a nossa
espera.
Tudo isso tem gerado crises de depressão,
insatisfação, doenças, dores no corpo de origem desconhecida,
ansiedade, muito medo e pânico.
É a Energia parada. O corpo físico pede socorro,
a mente quer auxilio, o emocional suplica por harmonia... Nosso corpo
conversa e dá sinais claros do que precisa. A energia da Vida ao
nosso redor se movimenta e pede passagem. Porém, da mesma forma que
deixamos de escutar e conhecer nosso planeta, desaprendemos a ouvir
nosso corpo e não reconhecemos os seus sinais, menos ainda as
mensagens enviadas pela Vida.
Por que? Porque se fossemos ouvir teríamos que
mudar e estamos acomodados no conhecido. Diferente de antes, quando
não tínhamos muitas opções para a sobrevivência e a movimentação
era uma constante.
Mas penso que tem um problema mais profundo ligado
a isso, que acontece quando relacionamos a com a
perda do conhecido com a morte, o nosso maior medo.
Como temos um medo natural da morte física,
passamos ele para as pequenas situações que devem se
transformar, devem "morrer". Da morte física ninguém
escapa, mas dessas pequenas mortes podemos ter a escolha, o livre arbítrio.
Então, para muitos, não deixar uma situação
terminar mais que evitar o novo é evitar a morte de algo. Na maioria
das vezes, nem percebemos que estamos segurando apenas um cadáver,
que deveria estar enterrado.
E, se por acaso a corrente da Vida chega com força
e leva isso que se segura com tanto querer e poder.... Meu Deus!!!
Que sofrimento!! Parece que se morre junto e por vezes se cava a
maior fossa, onde se fica enterrada por longo tempo .... Ou para
sempre.
Sair desse buraco pode ser mais difícil que mudar
de ponto. Pena que só depois da experiência é que percebemos...
Isso quando se percebe.
Não sou médica, não sou psicóloga , porém,
aprendi a observar e estudar essas situações. Eu
já “morri” várias vezes nessa encarnação, me transformei e
segui na corrente de energia desse rio maravilhoso, mergulha nessa
energia de vida, seja em águas profundas ou nas areias do deserto.
AH!! Isso que denominamos sofrimento continua
existindo... As vezes sofroooo que só. Mas, se vai cada vez mais
rápido e a Alegria fica cada vez mais presente.
É que a gente vai aprendendo que o sofrimento
provocado por essas mudanças faz parte do aprendizado, assim como a
alegria. De minha parte, vou me deixando morrer e renascer, até que
um dia a morte do corpo chegue e me revele, ou não, mais um
mistério. Enquanto isso curto o que posso por aqui do meu jeitinho,
sem as bulas de como ser alegre que existem por ai, porque como disse Gonzaguinha
“A vida é bonita, é bonita e é
bonita!!!”.
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